Antigo Egito, construções para a eternidade

Por volta de 3200 a.C., o povo egípcio se desenvolveu e aprendeu a conviver com as altas e baixas marés do Rio Nilo. Foram responsáveis por construções além de seu tempo, muito diferentes das encontradas no restante do mundo. Sua independência agrária e civil contribuiu para esse diferencial, pois não necessitavam das inovações dos outros povos, fazendo dessa arte algo único e incomparável.Descubra a seguir por que foram feitas famosas construções como as pirâmides do Egito, entenda o processo de mumificação e saiba mais sobre essa civilização cheia de mistérios e encantamentos. 

A unificação do império


A civilização Egípcia se desenvolveu no Nordeste da África, numa região desértica, banhada pelo Rio Nilo, há mais de 3.200 anos antes de Cristo. Com a unificação dos povos egípcios do Norte e do Sul, fundou-se um único império. A história desse império pode ser dividida em três fases: Antigo, Médio e Novo Império. 

O conto do nascimento do Egito

Para explicar a origem e a função dos deuses na criação do Egito, conta a lenda que, nos primeiros tempos, Set (deus vento) assassinou Osíris (Sol poente, o Nilo, deus da vegetação e das sementes) e lançou o corpo ao rio. Ísis (deusa da vegetação) conseguiu encontrar o corpo, mas Set voltou a atacar Osíris e dividiu-lhe o corpo em pedaços, espalhados pelo Egito. Ísis usou sua magia para tornar a unir os pedaços com a ajuda do deus falcão, Hórus (Sol nascente).

Esse conto explica os altos e baixos da vida do povo Egípcio, totalmente dependente do Nilo, fazendo um paralelo com a imortalidade dos deuses e sua importância para o ciclo da natureza. Todos os anos viam as plantações desaparecerem afogadas pelo rio. E depois das cheias, eram presenteados com um solo muito mais fértil e preparado para o plantio.

Desvendando a antiga escrita egípcia


A história do povo antigo do Egito era pouco conhecida até o início do século XIX. Com a descoberta da pedra Roseta, por um oficial de Napoleão, foi possível entender as representações na escrita hieroglifica egípcia.Jean-François Campollion, no ano de 1822, comparou sinais gregos e combinados com outros sinais egípcios mais conhecidos e foi possível mapear, com sucesso, os antigoshieróglifos e conhecer alguns mistérios da vida cotidiana desses povos, bem como de algumas construções deixadas como patrimônio da humanidade e de uma das maravilhas do mundo antigo.
Os grego desenvolveram grande habilidade de escrita. Havia três modalidades básicas: a hieroglífica, escrita sagrada dos túmulos e templos;hierática, utilizada pelos sacerdotes e nobres, um formato mais simplificado de escrita; e a demótica, escrita popular, usada nos contratos redigidos pelos escribas.Muito do que se sabe hoje sobre a técnologia egípcia e seus conhecimentos foi passado por meio de textos. Os temas abordados eram moral, poesia ou religião. Dois grandes exemplos são o Livro dos Mortos  (ou Livro de Sair para a Luz) e o Texto das Pirâmides.


Outras habilidades
Os egípcios eram tão avançados para seu tempo que possuíam amplo conhecimento em Matemática e Geometria, disciplinas que os auxiliavam na construção civil. Tinham também conhecimento de Astronomia, que os ajudava a prever os períodos de cheia do rio Nilo.Regidos pelas formas da Lua,  chegaram a mapear alguns planetas e constelações e organizaram um calendário solar.
Construíram também um relógio de água, que dividiu o dia em 24 horas, e, posteriormente, acrescentaram os minutos e os segundos. Tinham a semana de dez dias e meses de três semanas divididos pelas fases da Lua.


Arte e religião



A arte no antigo Egito estava ligada diretamente ao sistema religioso regente. Eram politeístas, pois adoravam vários deuses. No topo da pirâmide hierárquica religiosa estava o faraó, visto como divindade mais próxima do Deus supremo, Rá, o Sol, criador de todos os outros deuses.

As representações dos deuses e do faraó eram divididas de forma antropomórfica (característica humana), zoomórfica (forma animal) ou fundidas em uma única representação. Essas reproduções, geralmente esculpidas, eram postas nos templos e nos santuários.

As grandes produções arquitetônicas foram os templos, as pirâmides, as mastabas, hipogeus e os grandes túmulos, como o Vale dos Reis, locais onde eram sepultadas suas divindades. 

A vida pós-morte estava ligada por laços indissolúveis, imprescindíveis para a evolução artística da época. A parte mais importante do faraó era seu espírito vital: o Ka. Para os egípcios, o espírito continuava ligado ao corpo mesmo depois da morte. Considerada uma espécie de estátua da alma, a mumificação era um meio de reprodução e conservação do corpo.


Antigo Império




A arte produzida no Antigo Império (cerca de 2649 a.C. a 2134 a.C.) serviu de precedente para os reinos seguintes. Durante o reinado do rei Djoser (de aproximadamente de 2630 a.C. a 2611 a.C.), primeiro grande rei da dinastia Imhotep, foram projetadas as primeiras pirâmides com degraus, em Saqqara. Nesse mesmo local, foi encontrada, no ano de 1924, o que supostamente é vista como a primeira estátua em tamanho natural do mundo.
Anos depois foram encontradas pirâmides particulares e mastabas construídas durante a quarta dinastia, de Sneferu, demonstrando um avanço na forma de construção das pirâmides, agora sem degraus com suas paredes planas, feitas em pedra. Foi durante a quarta e a quinta dinastias que o Livro dos Mortos foi usado como guia espiritual.

Estátua de Setka como escriba

A escultura Setka como escriba, feita em pedra calcária avermelhada, é uma versão do príncipe Setka (reinou de 2581 a.C. a 2572 a.C.), representando toda sua sabedoria e educação, dispostas em uma postura elevada e suprema. Essa estátua concebe toda realidade expressiva e corporal em que o artista se reteve. Para os antigos egípcios, quanto mais próximo da realidade, mais fácil seria o encontro da alma com seu corpo. 

Outro representante do apogeu alcançado no final do Antigo Império é o túmulo de Ti. Descoberto em 1865 pelo arqueólogo Auguste Mariette (1821 – 1881), possuía relevos e pinturas (afrescos) altamente detalhados, permitindo uma ampla visão da vida cotidiana da época.

A princípio, as mastabas (túmulos) eram construções externas e retangulares, erguidas seguindo as orientações dos quatro pontos cardeais. Posteriormente foram evoluídas a estruturas piramidais.



Você sabia?
Para os egípcios, o artista ou escultor era considerado “aquele que mantém vivo”.


As três grandes pirâmides

As pirâmides do Egito são as mais antigas entre as grandes maravilhas do mundo antigo – e únicas ainda existentes. Foram levantadas durante o Antigo Império, em Gizé, para servirem de túmulo. Possuem os nomes de QuéopsQuéfren e Miquerinos eos responsáveis por sua construção foram Snefru e seus filhos, Khufu e Khafre, faraós da quarta dinastia.

Como foram construídas?

Ainda não se sabe ao certo como foram levantadas as estruturas colossais das pirâmides, mas existem algumas teorias para explicar o processo. A mais aceitável é a de que os blocos, pesando em média 2,5 toneladas cada, foram arrastados sobre troncos de madeira por uma rampa montada na lateral externa da pirâmide.

Estima-se que foram necessários cerca de 100 mil homens e 20 anos para erguer a estrutura. A pirâmide feita para o faraó Quéops é a maior entre as três, medindo hoje137 metros de altura e 227 metros em cada base lateral.

Você sabia?
A Pirâmide Vermelha, em Dahshur, é eleita a primeira pirâmide nos padrões iguais aos de Gizé.

Veja também:
Assista ao vídeo produzido pela Discovery contendo curiosidades sobre as pirâmides.

Esfinges



A Grande Esfinge de Gizé é com certeza a mais conhecida. Ela foi construída a pedido do faraó Kafra (ou Quéfren), da quarta dinastia, aproximadamente 4.500 anos atrás. Mas o que muitos não sabem é que existem outras esfinges. Fileiras de 3 km de calçadas, localizadas no complexo de templos em Karnak, Luxor, sítios históricos de Tebas, possuem mais de 90 esfinges com cabeça de carneiro.

A mumificação


O processo de mumificação pode ser dividido em três partes: 
  • No primeiro passo eram removidos os órgãos internos através de um corte lateral. O coração – visto como portador central da inteligência e força vital – era mantido no lugar. O cérebro era removido pela cavidade nasal e descartado. Os outros órgãos eram armazenados em jarras de canopo, utensílio semelhante a um vaso com tampa.
  • Depois, o corpo era embalsamado e coberto com um tipo de sal chamado natro, e deixado para desidratar durante 40 dias.
  • Por fim era empacotado com linho encharcado de resina, natro e aromáticos. As cavidades do corpo eram tapadas para que fosse coberto e enfaixado, com seus amuletos postos entre as camadas. 
Todo esse processo durava cerca de 70 dias e era acompanhado de orações e encantos. Mas esse tipo de conservação foi capaz de preservar os corpos por milhares de anos.

Confira o vídeo: 


Médio Império

O Médio Império foi marcado como um período de transições. Após ter passado por uma crise de autoridade com a ascensão dos monarcas que foram apoiados pela nobreza, o Faraó reconquistou o seu poder supremo sobre todas as demais classes.

Nas artes, o Médio Império ficou marcado por um grande processo de sensibilização dos moldes clássicos, com aplicações cada vez mais sistemáticas das medidas, principalmente para descrever o corpo humano.

A estátua da Senhora Sennuwy



Essa é uma obra clássica do Médio Império. Observe que a Senhora Sennuwy está sentada com as mãos no colo e segurando uma flor de lótus, simbolizando o renascimento e a renovação. Também foram gravados hieróglifos na cadeira onde está sentada, descrevendo que ela é venerada como Osiris, deus da vegetação e da vida além da morte, e como outros deuses, assim como o faraó, guardião do Ka (força vital). Nela, é possível analisar características presentes na maioria das composições egípcias: era costume representar a mulher com as pernas unidas e, nas pinturas, elas apareciam lateralmente. 

Já nas representações masculinas era costume as pernas estarem levemente separadas. Não que isso tenha sido feito de forma errônia, é que acreditavam que a figura tinha que ser representada com suas referências corporais mais importantes bem expostas, e as pernas simbolizam nossa sustentação.

Características da representação humana

A frontalidade: Visão da figura vista de frente com uma percepção ampla do corpo contrastando com o fundo vertical (hieróglifos).

Simetria dos corpos: Sempre respeitavam o eixo central do corpo ou do suporte. O corpo deveria ser representado conforme o mapeamento (posição dos membros) da época. 

Rosto: Eram inexpressivos, sem muitos detalhes, e de expressão fácial rigorosa e imponente.

Olhos: Eram representados, na grande maioria, na parte da frente do corpo, mesmo que a face se apresentasse de perfil. Isso porque acreditavam que os olhos eram a porta da alma, facilitando o acesso do Ka.

Corpo: Os braços eram geralmente colados ao corpo, com ênfase nas mãos. Para os homens, os pés, como já foi dito, eram separados, com o pé esquerdo levemente à frente do direito e, para as mulheres, unidos e sempre de forma que os dois dedões aparecessem para manter visíveis todos os membros. O corpo era representado deforma estática, relacionando a ideia de espera pela alma eterna. Uma peculiaridade nas esculturas femininas eram as curvas corporais bem salientes.

Pele: Para os homens, usavam uma coloração mais escura e acentuada. Já nas mulheres, era mais clara.
Curiosidade
No final do Médio Império foi fundada uma nova capital, Tebas. E teve início o culto monoteísta ao deus solar, Aton. A prática foi abolida no auge do Novo Império sobre ordem do faraó regente, Tutancámon.


Novo Império



O Novo Império, iniciado pelo rei Amósis I, marca a consolidação do poder imperialista e o desenvolvimento militar. Novos costumes vindos dos povos da Ásia Menorinfluenciaram os modos de vida do povo, como: maior atenção para o desenvolvimento do poder militar e menor influência artística e espiritual. Sendo assim, o faraó perdeu ostatus de ser supremo. Em 525 a.C., o rei persa Cambises derrubou o último dos faraós, Psamético III, e pôs fim ao período de independência.

A arte no Novo Império


Características dos templos

Muralhas: Paredes em forma de rampa, simbolizando as cordilheiras que cercam o Nilo, local onde o deus solar Amon-Ra se revela. Em sua entrada eram colocados monumentos, estátuas, esfinges e obeliscos.

Pátio ou passarela: Grandes salões rodeados de portões, geralmente sustentados por colunas.

Sala hipostila: Repleta de colunas gigantescas, com capitéis decorados em forma de vegetação, lembrando um grande bosque. O local era iluminado por fendas abertas nas coberturas, também repletas de relevos decorados.

Santuário: Local reservado ao depósito da estátua do deus e conservação do Ka. O local recebe uma abertura de luz, para que receba os raios de Sol do amanhecer.




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