Dossiê - China

Em pouco mais de duas décadas, a China deixou de ser um país considerado comunista e economicamente fechado, para se transformar em um gigante exportador. Nenhuma grande economia ao longo do último século cresceu com o ritmo visto na China. Dono da segunda maior economia do planeta, o país só fica atrás dos EUA. Agora, o mundo se pergunta: até onde isso irá?
Crescimento acelerado




A economia chinesa é, atualmente, a 18° economia que mais cresce no mundo (CIA The World Factbook, 2013). Com uma média de crescimento de quase 7,8% em 2012, a China obteve neste ano um PIB que chegou à casa dos 12,380 trilhões. Isso colocou o país na posição de segunda maior economia do mundo, superando, inclusive, o Japão. Esses números ganham ainda mais relevância quando consideramos que a entrada da China na economia de mercado ocorreu apenas ao final da década de 1970.




Saiba mais
- A agricultura é um importante setor produtivo e faz da China um dos gigantes mundiais na produção de alimentos. Dados de 2005, por exemplo, colocavam o país como o maior produtor mundial de arroz e um dos maiores produtores de milho. A grande produtividade de sua agricultura é resultado da acelerada mecanização da produção;

- Apesar de grande gerador de alimentos, em 2012 a agropecuária respondia por apenas 10,1% do PIB nacional. Já a indústria e o setor de serviços correspondiam, respectivamente, a 45,3% e 44,6% do PIB. Apesar da grande geração de alimentos, tem que ser levado em conta que seu mercado consumidor interno também é grandioso;

- As reformas empreendidas na China nos últimos 30 anos também envolvem a educação. Os gastos do governo com esse setor alcançaram um ritmo de crescimento equivalente aos níveis de crescimento do PIB. Isso se deu principalmente no que se refere à educação técnica. Apesar disso, a China precisa continuar investindo cada vez mais se quiser alcançar o que é recomendando pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A China investiu nos últimos anos cerca de 3,4% de seu PIB em educação, quando a recomendação da Unesco é que se invista quase o dobro disso;

- Desde a década de 1990, a China investe intensamente em infraestrutura, com a construção de rodovias, ferrovias, aeroportos e prédios públicos. Em 2009, concluiu-se a construção da hidrelétrica de Três Gargantas, que possui a maior represa e barragem do mundo e só perde em geração de energia para a Usina de Itaipu.

- Há também grandes investimentos nas áreas de mineração, principalmente de minério de ferro, carvão mineral e petróleo;

- A China é hoje um dos maiores importadores mundiais de matéria-prima, principalmente petróleo.


Apesar de inserir-se na economia globalizada, a China ainda apresenta resquícios da época em que esteve sob a mão de ferro de Mao Tse Tung. O governo controla não apenas as regras trabalhistas, como também os baixos salários, garantindo para as empresas um custo reduzido com mão de obra e tornando os produtos chineses os mais baratos do mundo. Esse fator explica, em parte, os altos índices de exportação desse país. Com a abertura econômica, muitas multinacionais abriram filiais no país buscando exatamente os baixos custos de produção, a mão de obra abundante e mercado consumidor amplo.

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Xangai à noite
  

Nesse período pós-comunismo, o PIB da China aumentou cinco vezes e as exportações saltaram de 20 bilhões para mais de 300 bilhões de dólares (2002). O país também é o campeão no recebimento de investimentos externos. Em 2003, conseguiu desbancar os EUA no ranking mundial de países que mais recebem investimentos diretos do exterior. Um dos setores mais prestigiados é o automobilístico.

O outro lado da moeda

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Trabalhadores em uma fábrica em Shenzhen
  

Entre tanto sucesso econômico, os chineses enfrentam um problema sério e, até agora, sem solução: a desigualdade social.

Grande parte da população ainda vive em situação de extrema pobreza. No campo, onde vivem cerca de 900 milhões de chineses, a renda per capita em algumas regiões é compatível com as piores de países em desenvolvimento e cerca de 150 milhões de chineses vivem abaixo do que a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu como linha da pobreza. Com uma população que em 2010 chegou à casa de 1,3 bilhões de habitantes, a China ocupa a 122ª posição mundial em renda per capita, que é de 9.100 dólares no país.

Entre os desafios do governo chinês na primeira década do século XXI estão reduzir a elavada taxa de poupança e a consequente baixa demanda interna; sustentar, adequadamente, o crescimento no emprego para milhões de migrantes e novos trabalhadores; reduzir a corrupção; conter os impactos ambientais negativos; conter conflitos sociais resultantes da mudança econômica do país.

Outro ponto que deve ser observado quando falamos do acelerado crescimento econômico do país diz respeito às questões ambientais. O país enfrenta questões ambientais relacionadas à poluição atmosférica (emissão de gases de efeito estufa e partículas de dióxido de enxofre) pelo uso de carvão para geração de energia, que gera chuvas ácidas; enfrenta escassez de água, principalmente no norte do país; poluição de cursos e corpos d’água devido a deposição inadequada de resíduos; desmatamento; perda estimada de 1/5 das terras agricultáveis, desde 1949, devido a erosão do solo e desenvolvimento econômico; desertificação; e tráfico de espécies ameaçadas.

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Agricultor em plantação de arroz
A abertura econômica

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Deng Xiaoping
  

A China começou a se preparar para a abertura econômica em 1978, quando Deng Xiaoping, então presidente da Comissão Militar Central do Partido, decidiu mudar a política econômica do país.

Deng instituiu várias reformas: abolição das comunas agrícolas instituídas por Mao Tse Tung, o que permitiu aos camponeses cultivar em lotes familiares; permissão para população urbana iniciar pequenos negócios; liberação de compra de bens de consumo; busca por investidores internacionais e abertura de mercado; renovação das escolas chinesas; e promoção de intercâmbios universitários para outros países.

A “rendição” da China ao mundo globalizado aconteceu de forma definitiva em 2001, com a entrada do país na Organização Mundial do Comércio (OMC). O mercado potencial de mais de um bilhão de consumidores fazia do gigante oriental uma tentação nem sempre fácil de conquistar – mas várias empresas aceitaram o desafio.

A mão de obra barata sempre foi o grande chamariz para a entrada de capital externo. Em alguns setores da economia chinesa, o salário na linha de montagem é de menos de dois reais a hora. No Brasil, esse valor é quatro vezes maior. No México, seis vezes. Nessas condições, montar bases para exportar é um ótimo negócio. Não é à toa que a China já responde por metade da produção mundial de máquinas fotográficas. Três em cada dez aparelhos de ar condicionado e de TV produzidos são feitos lá. Mais de 25% das máquinas de lavar e 20% das geladeiras no mundo levam o selo "Made in China".

Imenso mercado consumidor

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Supermercado em Chongqing
  

Além de exportadora, a China também representa um mercado consumidor imenso. A classe média chinesa representa atualmente cerca de 5% da população. São 65 milhões de pessoas que ganharam poder de compra nos últimos quinze anos: igualam-se hoje ao mercado norte-americano, com a diferença de que este último levou mais de um século para ser criado.

A China apresenta uma vantagem sobre os mercados maduros do Ocidente: sua classe média chinesa urbana continua crescendo com vigor. Ano após ano, milhões de consumidores surgem ansiosos por comprar um automóvel ou viajar de avião.

Relações com o Brasil


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China e Brasil
   

A China é um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil. E a intenção do governo federal brasileiro é que essa relação se aprofunde cada vez mais. Tanto que, já em 2004, durante visita de Hu Jintao, então presidente da China, ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o reconhecimento do status de economia de mercado da nação parceira. A mesma medida foi tomada pela Argentina uma semana depois.

O anúncio trouxe ganhos para o setor rural, porque ampliou a parceria de mercado entre Brasil e China, mas provocou forte reação do setor produtivo industrial brasileiro, temeroso da competição agressiva de produtos chineses no país. Atualmente, o Brasil exporta para China produtos básicos, como minério de ferro, soja, café em grão, petróleo bruto, fumo, algodão e celulose. Já a China exporta para o Brasil produtos com maior valor agregado, como bens intermediários e de consumo.

Em 2009, a China ultrapassou os EUA e passou a ser o principal destino dos produtos brasileiros. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) do Brasil, se em 2008 o Brasil registrou 16,4 bilhões de dólares de exportações para a China, em 2009 esse número chegou a 19,9 bilhões. 

Glossário


Comunismo - Modo de produção no qual os meios de produção e os aspectos da vida social são controlados pelo proletariado e membros da comunidade. Assim, a população se organizaria de forma a atender, efetivamente, as necessidades humanas por meio de cooperação e compartilhamento. Os principais aspectos do comunismo são a ausência de propriedade econômica privada, classes sociais, desigualdades sociais e instituições de opressão.
Globalização – Tendência de homogeneização de usos e costumes. Seu principal instrumento de expansão são os meios de comunicação com potencial de inibir reações e críticas individuais ao contexto global imposto.
PIB – Produto Interno Bruto. É o valor da produção de bens e serviços de um país durante o ano. O valor do PIB pode ser calculado pela soma da quantidade de dinheiro despendida na produção anual de bens e serviços, ou pela soma da renda de todos os cidadãos do país, incluindo a renda obtida no estrangeiro.
Renda per capita – A renda per capita representa quanto cada habitante receberia se o valor do produto nacional bruto (PNB) de um país fosse distribuído igualmente entre todos sem considerar a concentração de riquezas. A renda per capita, obtida a partir da divisão da renda total de um país pela população, é um indicador usado para medir o grau de desenvolvimento de uma nação.



Faça os exercícios referente a aula:

1- Quando a China adotou uma economia de mercado?

a) Na década de 1940.
b) Na década de 1990.
c) Apenas nos anos 1980 do século XX.
2- Com a abertura econômica da China, muitas multinacionais resolveram instalar filiais naquele país. Por quê?

a) Pelos baixos custos de produção, mão de obra abundante e mercado consumidor amplo. (x)
b) Pelo governo reconhecidamente corrupto, o que garante para as empresas uma série de facilidades.
c) Pelo alto nível educacional da população, o que garante mão de obra altamente especializada.
3- Entre os problemas que a China precisa resolver nos próximos anos está:

a) A necessidade de ampliação do parque tecnológico, para atender à demanda mundial.
b) A criação de políticas que garantam a manutenção do crescimento econômico nos níveis atuais.
c) O imenso abismo social que separa uma classe média emergente, mas minoritária, de uma imensa maioria que se encontra na miséria.
4- Que fato marcou a integração definitiva da China no mundo globalizado?

a) A assinatura de tratados bilaterais com os EUA e com países da Europa Ocidental, em 1997.
b) A entrada do país à Organização Mundial do Comércio em 2001.
c) As duas alternativas anteriores estão corretas.
5- Podemos dizer sobre as relações entre a China e o Brasil:

a) Até hoje o governo brasileiro não aceitou totalmente a presença chinesa no mercado internacional.
b) A China é grande exportadora de produtos básicos para o Brasil. Este, por sua vez, exporta bens de consumo para o mercado chinês.
c) A China é grande exportadora de bens de consumo para o Brasil. Este, por sua vez, exporta produtos básicos para o mercado chinês.
Clique aqui para conferir as respostas



Fonte: COC Educação 


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