O
Príncipe foi
dedicado a Lourenço II (1492-1519), potentado da família dos Médicis e duque de
Urbino, mas ele não teve tempo de aprender-lhe as lições, pois faleceu logo
depois. Porém, outros souberam aproveitá-lo, como o caso do monarca inglês
Henrique VIII e o de Catarina de Médicis, rainha-mãe da França, que teria
seguido os ensinamentos de Maquiavel ao jogar católicos contra protestantes e
ordenar o famoso massacre de 1572. Com isso manteve a soberania para os filhos,
indolentes e incapazes de agir maquiavelicamente como a mãe.
**********
Na
Itália do Renascimento reinava grande confusão. A tirania imperava em pequenos
principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição
dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações
de crise e instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia
e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o
príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a posição interna, atemorizar os
súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados
constituem o eixo da administração. Como o poder se funda exclusivamente em
atos de força, é previsível e natural que pela força seja deslocado deste para
aquele senhor. Nem a religião, a tradição ou a vontade popular legitimam o
soberano, e assim ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A
ausência de um Estado central e a extrema multipolarização do poder criam um
vazio, que as mais fortes individualidades têm capacidade de ocupar.
***********
A
clientela era constituída pela Igreja, Estados feudais, grandes senhores de
terras, cortes aristocráticas e camadas superiores da burguesia, assim como
pelas coroas representativas dos interesses dos novos Estados nacionais
europeus. As necessidades de consumos desses setores especializaram a economia
na produção de tecidos caros, no comércio de especiarias do Oriente e nos
negócios bancários com os potentados dos demais países. Essa solidariedade
entre a economia italiana e as condições e contradições características da
Europa medieval acarretará sua ruína, quando ocorrer a decadência da ordem
feudal. Por outro lado, a relativa facilidade com que os senhores feudais são
afastados do poder nos núcleos burgueses mais fortes elimina a necessidade de
unificação nacional como tarefa socialmente necessária. A burguesia dispensa o
monarca como peça essencial para submeter os senhores feudais, como ocorreu no
caso clássico da França. Ela mesma se concebe como aristocracia reinante, mas a
organização estatal resultante sofre de uma debilidade insanável, mostrando-se
totalmente incapaz de fazer frente aos gigantescos aparelhos de Estado, em vias
de aparecimento.
ANÁLISE
GERAL DA OBRA - O PRÌNCÍPE
O
Príncipe é
dirigido a um príncipe que esteja governando um Estado e o aconselha sobre
como manter seu governo da forma mais eficiente possível. Essa eficiência é a
ciência política de Maquiavel.
Ele
começa descrevendo os diferentes tipos de Estado e como cada tipo afeta a
forma de governo do príncipe. Também ensina como um príncipe pode conquistar
um Estado e manter o domínio sobre ele. Por exemplo, no caso dos principados
hereditários, por já estarem afeiçoados à família do príncipe, é mais fácil
de mantê-los: é só continuar agindo de acordo com seus antecessores. E mesmo
que o príncipe não seja bom e acabe perdendo o Estado, ele o readquire por
pior que seja o ocupante.
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Entretanto,
o difícil é manter os principados novos que na verdade não são novos, e sim
mistos por terem sido incorporados a um Estado hereditário. Diz que "as
sua variações nascem principalmente de uma dificuldade comum a todos os
principados novos, a saber, que os homens mudam de boa vontade de senhor,
supondo melhorar, e estas crenças os fazem tomar armas contra o senhor atual.
De fato, enganam-se e vêem por experiência própria haverem piorado. Isso
depende de outra necessidade natural e ordinária que faz com que um novo
príncipe careça ofender os novos súditos com a sua tropa e por meio de infindas
injúrias, que acarreta uma recente conquista." (MAQUIAVEL. 1996)
Portanto,
são inimigos do príncipe todas as pessoas que se sentiram ofendidas com a
ocupação do principado. Também não se pode ter como amigo aqueles que o
colocaram ali, pois estes não podem ser satisfeitos como pensavam. Porém é
necessário ter cuidados e não usar contra eles "remédios fortes",
pois o príncipe depende deles, e mesmo que tenha um exército forte é necessário
a ajuda dos habitantes para entrar numa província.
É
interessante notar que Maquiavel apresenta os problemas e as dificuldades, e
isso tudo é demonstrado de uma forma que perece não haver solução. Porém, logo
em seguida ele apresenta não só a solução para os problemas como também
conselhos, os quais o governante deve seguir se quiser ser bem sucedido. Seguindo o mesmo raciocínio, se um príncipe anexa
um Estado a outro mais antigo, e sendo este da mesma província e da mesma
língua, ele será facilmente conquistado. Porém, para mantê-lo deve-se extinguir
o sangue do antigo governante e não alterar as leis nem os impostos. Agindo
dessa forma, em pouco tempo está feita a união ao antigo Estado.
No
entanto, surgem dificuldades quando se conquista uma província de costumes,
língua e leis diferentes. Nesse caso é preciso que o príncipe tenha habilidade
e sorte. O melhor é ir o príncipe habitá-la, pois assim poderá perceber os
problemas e tentar solucioná-los mais rapidamente. E estando o príncipe mais
perto, os súditos ficam satisfeitos, os ataques externos serão mais raros e é
muito mais difícil o príncipe perder a província, mas ele não fizer nada disso
ele só terá notícias delas quando esta já estiver perdida.
"Outro
remédio eficaz é organizar colônias, em um ou dois lugares, as quais serão uma
espécie de grilhões postos à província, pois é necessário fazer isso, ou ter lá
muita força armada. Com as colônias não se gasta muito, e sem grandes
despesas podem ser feitas e mantidas. Os únicos prejudicados com elas serão
aqueles a quem se tomam os campos e as casas, para dá-los aos novos habitantes.
Mas os prejudicados sendo minoria na população do Estado, e dispersos e
reduzidos à pobreza, não poderão causar dano ao príncipe, e os outros que não
foram prejudicados deverão por isso aquietar-se, por medo de que lhes aconteça
o mesmo. Enfim, acho que essas colônias não custam muito e são fiéis;
ofendem menos, e também os ofendidos não podem ser nocivos ao príncipe, como se
explicou acima. Deve-se notar que os homens devem ser mimados ou
exterminados, pois se se vingam de ofensas leves, das graves já não podem
fazê-lo. Assim, a injúria que se faz de ser tal, que não se tema a vingança.
Mas
conservando, em vez de colônias, força armada, gasta-se muito mais, e tem de
ser despendida nela toda a receita da província. A conquista torna-se, pois,
perda, e ofende muito mais, porque prejudica todo o Estado com as mudanças de
alojamento das tropas. Estes incômodos todos os sentem, e todos por fim se
tornam inimigos que podem fazer mal, ainda batido na própria casa, por estas
razões, pois, é inútil conservar força armada, ao contrário de manter colônias.
Também
numa província diferente por línguas, costumes e leis, faça-se o príncipe de
chefe e defensor dos mais fracos, e trate de enfraquecer os poderosos da
própria província, além de guarda-se de que entre por a caso um estrangeiro tão
poderoso quanto ele." (MAQUIAVEL. 1996)
A
passagem do livro citada acima é uma das mais interessantes, engraçadas e que
ao mesmo tempo não deixa de ser contemporânea. Como se pode notar, o autor
pensou nos mínimos detalhes para que o príncipe seja bem sucedido na sua
conquista. E o mais interessante é que nesses parágrafos pode-se perceber
que, de acordo com os seus ensinamentos, os fins justificam os meios, muito
embora isso não esteja escrito dessa forma. Entretanto, quando Maquiavel
afirma que quando se utiliza as colônias os únicos prejudicados serão aqueles
que perderem suas terras, mas estes sendo minoria não poderão prejudicar o
príncipe, ou seja, o meio utilizado para se fazer as colônias pode até não ser
o mais correto, mas se o fim for bom, o meio foi justificado. Um outro ponto
interessante é quando o autor diz que o príncipe deve se fazer defensor dos
mais fracos. O que na verdade ocorre hoje em dia, pois muitos políticos se
utilizam dessa tática para conquistar a confiança do povo e conseguir mais
votos.
No caso
de Estados que antes de serem conquistados estavam habituados a reger-se por
leis próprias e em liberdade, existem três formas, segundo Maquiavel, de manter
sua posse: arruiná-los, ir habitá-los ou deixá-los viver com suas leis,
arrecadando um tributo e criar um governo de poucos. No entanto, Maquiavel
chega a ser até engraçado ao dizer que "em verdade não há garantia de
posse mais segura do que a ruína". Segundo ele, o príncipe que se torna
senhor de um Estado tradicionalmente livre e não o destrói será destruído.
Um
outro detalhe muito importante que pode ser percebido no decorrer de toda obra
são os exemplos históricos. Maquiavel fundamenta toda a sua teoria na história
dos grandes homens e dos grandes feitos do passado. Segundo ele, "…os
homens trilham quase sempre estradas já percorridas. Um homem prudente deve
assim escolher os caminhos já percorridos pelos grandes homens e imitá-los; assim,
mesmo que não seja possível seguir fielmente esse caminho, nem pela imitação
alcançar totalmente as virtudes dos grandes, sempre se aproveita muita
coisa". (MAQUIAVEL. 1996) O mais interessante é que, através desses
exemplos, ele comprova tudo o que está sendo dito e convence o leitor com os
seus argumentos que são muito pertinentes e se encaixam perfeitamente no que
ele está querendo dizer.
Outro aspecto
marcante de sua obra é quando são tratados os meios de se tornar príncipe, que
podem ser dois: pelo valor ou pela fortuna. Entretanto ele adverte que aqueles
que se tornaram príncipes pela fortuna tem muita dificuldade para se manter no
poder. Porém, a fortuna e o valor não são as únicas formas de se tornar
príncipe. Existem outras duas: pela maldade e por mercê do favor de seus
conterrâneos, mas Maquiavel diz que os príncipes que realizaram matanças e
não tem nem piedade nem religião, podem até conquistar o mando, mas não a
glória.
Analisaremos agora
a parte da obra relacionada aos gêneros de milícia. De acordo com Maquiavel, é
necessário a um príncipe estabelecer sólidos fundamentos; sem isso, segundo
ele, é certa a sua ruína. As principais bases que os Estados têm são boas leis
e boas armas. E as forças com que um príncipe mantém o seu Estado são próprias
ou mercenárias, auxiliares ou mistas. As mercenárias e auxiliares são úteis
e perigosas. Se algum príncipe tiver o seu Estado apoiado em tal classe de
forças, não estará nunca seguro, porque essas tropas são ambiciosas,
indisciplinadas, infiéis, são insolentes para com os amigos e covardes perante
os inimigos. Isso porque o que as mantém em campo não é o amor, mas sim um
pequeno pagamento. Segundo Maquiavel, um dos problemas da Itália é ter sido
governada muitos anos com armas mercenárias.
Com relação às
tropas auxiliares, de acordo com o autor, não são mais do que tropas inúteis e
quem valha-se dessas tropas quem não quiser vencer, pois elas são mais
perigosas do que as mercenárias. Para Maquiavel, os príncipes prudentes sempre
repeliram tais forças, para valer-se das suas próprias, preferindo antes perder
com estas a vencer com o auxilio das outras, considerando falsa a vitória com
forças alheias. O príncipe não deve, pois ter outro objetivo nem outro
pensamento a não ser a guerra por ser esta a única arte que se espera de quem
comanda.
O príncipe deve
desejar ser tido como piedoso e não como cruel. Daí surge uma questão muito
debatida: é melhor ser amado ou temido? A resposta de Maquiavel é que o melhor
é ser as duas coisas, mas como é difícil reunir ao mesmo tempo essas duas
qualidades, é muito melhor ser temido do que amado, quando se tenha que falhar
numa das duas. "Os homens
hesitam menos em ofender aos que se fazem amar do que aos que se fazem temer,
porque o amor é mantido por um vínculo de obrigação, o qual, devido a serem os
homens pérfidos é rompido sempre que lhes aprouver, ao passo que o temor que se
infunde é alimentado pelo receio de castigo, que é um sentimento que não se
abandona nunca. Deve portanto o príncipe fazer-se temer de maneira que, se não
se fizer amado, pelo menos evite o ódio". (MAQUIAVEL. 1996)
Maquiavel faleceu
sem ter visto realizados os ideais pelos quais se bateu durante toda a vida.
Também não viu concretizado, enquanto viveu, o ideal de uma Itália poderosa e
unificada. Deixou, porém, um valioso legado: o conjunto de idéias elaborados
em cinco ou seis anos de meditação forçada pelo exílio. O objeto de suas
reflexões é a realidade política, pensada em termo de prática humana concreta,
e o centro maior de seu interesse é o fenômeno do poder formalizado na
instituição do Estado. Não se trata de estudar o tipo ideal de Estado, mas
compreender como as organizações políticas se fundam, se desenvolvem, persistem
e decaem.
Talvez nem ele
mesmo soubesse avaliar a importância desses pensamentos dentro do panorama mais
amplo da história, pois especulou sempre sobre os problemas mais imediatos que
se apresentavam. Apesar disso, revolucionou a história das idéias políticas,
constituindo um marco que a dividiu em duas fases distintas.
EXERCÍCIOS
1. UNESP. o texto político, que
apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo italiano
Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política
são práticas distintas.
“A política arruína o caráter”,
disse Otto von Bismarck (1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para
quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao
reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e
mantidos no poder por nações que se enxergam como faróis da democracia e dos
direitos humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável? Os
ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar tendo acesso ao
petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações
terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais
extraordinário diplomata americano do século passado, George Kennan, morto aos
101 anos em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua política externa:
seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para viver”.
(Veja, 02.03.2011. Adaptado.)
A associação entre o texto e as
ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo
(A) considerava a ditadura o modelo
mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão militar sobre
populações civis.
(B) foi um dos teóricos da
democracia liberal, demonstrando-se avesso a qualquer tipo de manifestação de
autoritarismo por parte dos governantes.
(C) foi um dos teóricos do
socialismo científico, respaldando as ideias de Marx e Engels.
(D) foi um pensador escolástico que
preconizou a moralidade cristã como base da vida política.
(E) refletiu sobre a política
através de aspectos prioritariamente pragmáticos.
2. UEL. “Deveis saber, portanto,
que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A
primeira é própria do homem; a
segunda, dos animais. [...] Ao príncipe torna-se necessário, porém, saber
empregar convenientemente o animal e o homem. [...] Sendo, portanto, um
príncipe obrigado a bem servir-se da natureza da besta, deve dela tirar as
qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra os
laços, e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois, ser raposa para conhecer os
laços e leão para aterrorizar os lobos. Os que se fizerem unicamente de leões
não serão bem-sucedidos. Por isso, um príncipe prudente não pode nem deve
guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas
que o determinaram cessem de existir”.
Fonte: MAQUIAVEL, N. O Príncipe.
Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1993, cap, XVIII,
p.101-102.
Com base no texto e nos
conhecimentos sobre O Príncipe de Maquiavel, assinale a alternativa
correta:
a) Os homens não devem recorrer ao
combate pela força porque é suficiente combater recorrendo-se à lei.
b) Um príncipe que interage com os
homens, servindo-se exclusivamente de qualidades morais, certamente terá êxito
em manter-se no poder.
c) O príncipe prudente deve
procurar vencer e conservar o Estado, o que implica o desprezo aos valores
morais.
d) Para conservar o Estado, o
príncipe deve sempre partir e se servir do bem.
e) Para a conservação do poder, é
necessário admitir a insuficiência da força representada pelo leão e a
importância da habilidade da raposa.
3. UFU. Leia o seguinte fragmento
de O Príncipe, de Maquiavel, e faça o que se pede a seguir.
E há de se entender o seguinte: que
um príncipe, e especialmente um príncipe novo, não pode observar todas as
coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente
forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a
religião. É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a
direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem, e, como disse mais
acima, não partir do bem, mas podendo, saber entrar para o mal, se a isso
estiver obrigado.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe.
São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 80. Coleção Os Pensadores
A) Extraia uma expressão do texto
acima que defina a idéia de que, para Maquiavel, “os fins justificam os meios”
e justifique sua resposta.
B) Extraia uma expressão do texto
acima que esteja adequada ao conceito de fortuna e explique por que ela
é adequada.
4. UEL
2013.
Leia o
texto e o quadrinho a seguir.
Aqueles
que somente por fortuna se tornam príncipes pouco trabalho têm para isso, é
claro, mas se mantêm muito penosamente. Não têm nenhuma dificuldade em alcançar
o posto, porque por aí voam; surge, porém, toda sorte de dificuldades depois da
chegada. Tais príncipes estão na dependência exclusiva da vontade e boa fortuna
de quem lhes concedeu o Estado, isto é, duas coisas extremamente volúveis e
instáveis.
(Adaptado
de: MAQUIAVEL, O Princípe. São Paulo: Nova Cultural, 1996. p.55.)
a)
Desenvolva os conceitos de fortuna e de virtù, em conformidade com Maquiavel.
b) O que
diferencia o pensamento político de Maquiavel daquele concebido pela tradição
cristã?
5. ENEM
2012.
6. FUVEST.
O governo Médici não se limitou à repressão. Distinguiu claramente entre um
setor significativo mas minoritário da sociedade, adversário do regime, e a
massa da população que vivia um dia a dia de alguma esperança nesses anos de
prosperidade econômica. A repressão acabou com o primeiro setor, enquanto a
propaganda encarregou✄se
de, pelo menos, neutralizar gradualmente o segundo. Para alcançar este último
objetivo, o governo contou com o grande avanço das telecomunicações no país,
após 1964. As facilidades de crédito pessoal permitiram a expansão do número de
residências que possuíam televisão: em 1960, apenas 9,5% das residências
urbanas tinham televisão; em 1970, a porcentagem chegava a 40%. Por essa época,
beneficiada pelo apoio do governo, de quem se transformou em porta✄voz, a TV Globo expandiu✄se até se tornar rede nacional e
alcançar praticamente o controle do setor. A propaganda governamental passou a
ter um canal de expressão como nunca existira na história do país. A promoção
do “Brasil grande potência” foi realizada a partir da Assessoria Especial de
Relações Públicas (AERP), criada no governo Costa e Silva, mas que não chegou a
ter importância nesse governo. Foi a época do “Ninguém segura este país”, da
marchinha Prá Frente, Brasil, que embalou a grande vitória brasileira na Copa
do Mundo de 1970. Boris Fausto, História
do Brasil. Adaptado.
a) “Deve o
príncipe fazer✄se
temer, de maneira que, se não se fizer amado, pelo menos evite o ódio, pois é
fácil ser ao mesmo tempo temido e não odiado”.
b) “O mal
que se tiver que fazer, deve o príncipe fazê✄lo de uma só vez; o bem, deve fazê✄lo aos poucos (...)”.
c) “Não se
pode deixar ao tempo o encargo de resolver todas as coisas, pois o tempo tudo
leva adiante e pode transformar o bem em mal e o mal em bem”.
d) “Engana-se
quem acredita que novos benefícios podem fazer as grandes personagens
esquecerem as antigas injúrias (...)”.
e) “Deve o
príncipe, sobretudo, não tocar na propriedade alheia, porque os homens esquecem
mais depressa a morte do pai que a perda do patrimônio”.
6.
Muito citado,
Nicolau Maquiavel é um dos maiores expoentes do Renascimento e sua contribuição
determinou novos horizontes para a filosofia política. A respeito do seu
conceito de virtú, analise as assertivas abaixo.
I. A virtú é a qualidade dos oportunistas, que
agem guiados pelo instinto natural e irracional do egoísmo e almejam,
exclusivamente, sua vantagem pessoal.
II. O homem de virtú é antes de tudo um sábio, é
aquele que conhece as circunstâncias do momento oferecido pela fortuna e age
seguro do seu êxito.
III. Mais do que todos os homens, o príncipe tem de ser um homem
de virtú, capaz de conhecer as circunstâncias e utilizá-las
a seu favor.
IV. Partidário da teoria do direito divino, Maquiavel vê o príncipe como
um predestinado e a virtú como algo que não depende dos
fatores históricos. Assinale a ÚNICA alternativa que contém as
assertivas verdadeiras.
a) I, II, e III.
b) II e III.
c) II e IV.
d) II, III e IV.
GABARITO
1E 2E 3SALA
4SALA 5C 6B 7B
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